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Nos dias difíceis da sua existência, procure não se entregar ao pessimismo nem ao lodo do derrotismo, evitando alimentar todo e qualquer sentimento de culpa, que lhe inspirariam o abandono dos seus compromissos, o que seria seu gesto mais infeliz.

Ponha-se de pé, perante quaisquer obstáculos, e seja fiel aos seus labores, aos deveres de aprender, servir e crescer, que o trouxeram novamente ao mundo terrestre.

Se lograr a superação suspirada, nesses dias sombrios para você, terá vencido mais um embate no rol dos muitos combates que compõem a pauta da guerra em que a Terra se encontra engolfada.

Confia na ação e no poder da luz, que o Cristo representa, e siga com entusiasmo para a conquista de si mesmo, guardando-se em equilíbrio, seja qual for ou como for cada um dos seus dias.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Uma história linda de superação e vida.


 



Uma história linda de superação e de vida.


 

Era uma adolescente como outra qualquer, com seus sonhos, medos, amigos, festas e com muita vontade de viver.

Sempre fui independente e acho que por isso comecei a trabalhar aos 15 anos na loja da minha tia para ter meu próprio dinheirinho.

Mas no dia 21/02/2000 minha vida mudou drasticamente.

Cai da escada da loja onde trabalhava e a partir de então não levantei mais sozinha.

Logo me levaram para o hospital e lá me falaram que eu havia sofrido uma grave lesão na coluna.

Lembro-me das enfermeiras cortando meu uniforme de trabalho que estava inaugurando naquele dia e tirando todos os acessórios que estava usando naquele momento.

Lembro do meu pai e minha mãe chegando ao meu lado ainda na sala de radiografia, com aquele olhar triste e quase desabando, sem saber direito o que iria acontecer dali em diante.

Devido à gravidade me colocaram dentro de uma ambulância com minha mãe, o médico e uma enfermeira para irmos para Brasília.

Meu pai e meu namorado (na época) foram de carro nos acompanhando.

Foi uma das viagens mais triste da minha vida.

Acho que graças a minha mãe e a Deus estarem ao meu lado naquela hora eu não me revoltei e nem entrei em pânico.

Chegando a Brasília, fiquei em uma maca no corredor do hospital esperando os médicos avaliar meu caso e fazendo mais exames.

Cada máquina que nunca havia entrado antes.

Nesse dia me lembro de ter vomitado muito, da movimentação dos meus familiares e do meu desespero para não rasparem meu cabelo, porque se os médicos resolvessem fazer tração na coluna seria necessário.

Para a minha felicidade não foi preciso.

Fiz a cirurgia no dia seguinte, na qual me lembro dos médicos conversando sobre meu corte na cabeça, que segundo eles havia um pedaço bem fundo que não teria como dar pontos.

Acordei só no dia seguinte em uma sala de UTI, com muita sede e fome, com uma placa de titânio no pescoço, um colar cervical, tubos no meu nariz e graças a Deus com minha mãe ao meu lado.

Foram cinco dias nessa sala, da qual só me lembro do teto, do relógio pregado na parede, de vários pacientes em estado grave e de uma enfermeira muito boazinha que me tratava com muito carinho, e claro que da minha mãe que dormiu comigo todos os dias.

Por ironia do destino havia lido o livro Feliz ano velho de Marcelo Rubens Paiva cinco meses antes e tudo que ele havia passado estava se repetindo comigo.

O que mais vi naqueles meses foi o teto de hospitais, decorei cada rachadura que havia.

Depois me transferiram para um quarto só para mim e minha família.

Foram mais cinco dias aprendendo o que havia acontecido comigo, que a cirurgia foi um sucesso e segundo o médico estaria andando em seis meses.

Na hora ainda pensei, “nossa isso tudo!”.

Recebi várias visitas, telefonemas de várias pessoas e lugares, pessoas que eu nem conhecia, mas que eram amigas da família.

Tive as primeiras sessões de fisioterapia, vários testes de sensibilidade, no qual odiava, pois ficavam espetando uma agulha em mim para dizer se eu sentia.

Acho que odiava porque não sentia em quase nenhum lugar.

Era virada na cama de duas em duas horas para que não desse escara (ferida que desenvolvem quando a pele é comprimida entre a proeminência óssea e a superfície externa, (cama, colchão) por um longo período de tempo e que depois de aberta, demora vários meses para se fechar).

Tive muitos pesadelos, quase não dormi porque tive uma coceira infernal durante esses dias, e para piorar eu não conseguia levantar o braço, aí tinha que recorrer a quem estivesse ao meu lado.

Nesses dias tentamos conseguir uma vaga no Hospital Sarah Kubitschek, e depois de muitos pedidos eles marcaram para o dia 15 de março.

Passados esses cinco dias o médico me enviou para o Hospital de Apoio para continuar minha reabilitação.

Foi muito triste porque saímos no finalzinho do dia em uma ambulância, eu e minha mãe, com alguns parentes de carro nos acompanhando.

Chegamos à noite nesse lugar que a princípio não tinha vaga.

Eu e minha mãe choramos muito.

Como viram que não tínhamos para onde ir àquela hora, arrumaram um quartinho que tinha apenas uma mulher chamada Joana, muito religiosa, mas que infelizmente não me lembro do rosto, pois fiquei a maioria dos dias deitada com um colar cervical que limitavam os poucos movimentos que me restaram.

Nesse hospital recebi também várias visitas e telefonemas.

Meu namorado (na época), foi para BSB me acompanhar e me dava muita força.

Foram alguns dias levantando a cabeceira da cama aos poucos para me acostumar de novo, porque dava falta de ar e tonteira, até eles me colocarem pela primeira vez em uma cadeira de rodas.

Nesse hora todos seguraram o choro para não me deixar triste.

Minha mãe aprendeu a fazer cateterismo (retirar a urina com um sonda de seis em 6 horas) e a me dar banho deitada em uma maca fria, que graças a Deus nessa hora, sentia só do ombro para cima.

Minha avó Maria saiu do sul de Minas para nos ajudar em Brasília.

Ela conseguia cada coisa.

Entrava com comida, dormia no nosso quarto e nos confortava com aquele jeito carinhoso só dela.

Foram quinze longos dias até ser transferida para o tão esperado Sarah.

Mais uma viagenzinha de ambulância deitada olhando para o teto.

Cheguei e logo fui atendida.

A primeira coisa que a médica falou foi que eu tinha muito a comemorar, pensei “será o que tenho a comemorar nesta situação?”

Falou que por muito pouco a lesão não atingiu o meu sistema respiratório e que se isso tivesse ocorrido teria que andar acompanhada com um aparelhinho ligado por um tubo até o pescoço vinte e quatro horas por dia.

Nessa hora todos ficaram emocionados, até os médicos.

Fiz mais e mais exames até que me mandaram para a ala das crianças, para menores de 18 anos.

Foi um mês nessa ala, fazendo fisioterapia, hidroterapia (na qual morria de medo de afogar porque agora dependia de alguém para me segurar), aprendendo um novo modo de entrar no carro (carregada por alguém), ganhando diversos adaptadores (para segurar o garfo, pentear o cabelo, escrever, escovar os dentes, digitar no computador, conhecendo pessoas com diversos problemas, recebendo visitas todos os dias e minha mãe dormindo comigo.

Depois me passaram para ala de adultos, na qual apavorei porque minha mãe não poderia mais dormir comigo.

Isso foi um pesadelo, quem iria me ajudar?

Só servia ela.

Mas eu tive que conformar.

Não sei quem sofria mais, se eu ou ela por me deixar lá.

Mas passados dois longos dias, eu fiquei doente e pedi para ela ficar comigo e para nossa alegria eles deixaram.

Mais um mês se passou e agora já podia ir para casa no final de semana.

Alugamos um apartamento em Brasília para não precisar viajar a Unaí nos finais de semana e voltar segunda.

A primeira coisa que senti falta quando saí do hospital e fui para o apartamento foi acordar e levantar da cama na mesma hora, agora demorava pelo menos uns vinte minutos até minha mãe fazer cateterismo e colocar a minha roupa.

Normalmente eles falam que quando a gente tem um problema os amigos se afastam.

E comigo foi diferente até pessoas que achava que não eram minhas amigas passaram a ser a partir daquele momento e as que já eram mostraram seu amor por mim.

Fiquei sabendo que a cidade inteira rezou para a minha recuperação. Acho que por isso, meus familiares e Deus eu tirei de letra essa fase.

Pedia todo dia a Deus que quando eu tivesse alta do Sarah que ele segurasse na minha mão para de pé e caminhando saíssemos de lá.

Infelizmente não foi o que ocorreu, saí em uma cadeira de rodas nova que meu pai foi comparar e que seria minha companheira de todas as horas a partir daquele momento.

Voltei para Unaí depois de três meses longe de casa e com uma nova realidade de vida.

Desde então fui aprendendo cada dia mais com meu problema, tirando os adaptadores, fazendo fisioterapia e hidroterapia, voltando a estudar.

Terminei o 2º grau e logo entrei na faculdade.

O curso escolhido sem nenhuma dificuldade foi Sistema de Informação.

Nunca achei que seria difícil fazer algo, se tivesse vontade e alguém para me levar e cuidar de mim, ia mesmo.

Tive alguns namorados que me ajudaram muito e me tratavam como uma pessoa sem deficiência.

Fui por dois anos secretária da APDU - Associação de Pessoas com Deficiência de Unaí e conselheira do COMPED - Conselho Municipal da Pessoa com Deficiência.

Foi uma lição de vida.

Fiz novos amigos, pessoas que assim como eu possuem uma deficiência, mas que não desistiram de viver e lutar por seus direitos.

Aprendi mais uma vez a ver a vida de outros ângulos.

Espero ter contribuído um pouco, pois sou foi maravilhoso fazer parte desta família.

Em 2010 criei este blog para contar minha história e ajudar as pessoas com deficiência trazendo informações importantes para ajudá-las a superar os desafios do dia a dia e a com esperança de tornar a sociedade mais inclusiva e menos preconceituosa.

Quero e espero contribuir muito por esta causa que abracei de coração.

Agora consegui realizar um dos meus sonhos maiores sonhos: ser servidora do STJ - Superior Tribunal de Justiça.

Estou amando voltar a trabalhar, e deixar de ser aposentada por invalidez, pois mesmo fazendo várias coisas em casa agora me sinto realmente útil e respeitada.

Que sejam muitos anos bons aqui.

Tenho só a agradecer primeiramente a Deus por tudo que ele me proporcionou depois que fiquei tetraplégica.

Claro que perdi várias coisas que amo, como: dançar, andar, praticar esportes, tomar banho sozinha, sair sem precisar de ninguém, trocar de roupa em pé em frente ao espelho, olhar meu corpo por inteiro, me maquiar, dirigir, etc.

Mas ele me deixou o mais importante: minha vontade de viver e minha família, que sem ela não teria superado tudo isso.


Obrigada a todas as pessoas que rezaram, torceram ou me apoiaram em algum momento da minha vida. Vocês são responsáveis por toda minha aceitação, força e esperança.



"Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta."

Chico Xavier








Gente veja que história linda e comovente de superação; quando se aceita a nova realidade de vida; afinal a vida continua.........

Quer compartilhar com vocês esta história

Um abraço a todos.










quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

O que é realmente estar numa cadeira de rodas?

O que é realmente estar numa cadeira de rodas



O que é realmente estar numa cadeira de rodas? 
 



Eu não quero que você sinta pena de mim.

Eu não quero que você olhe para mim como um super-herói inspirador.

Eu não sou nem uma dessas coisas.

Mas todo mundo olha.

Não, isso não é um exagero, eu quero dizer a todos.

Se eles não estão começando, eles estão propositalmente tentando desviar o olhar, ou eles têm o olhar fixados dos pés a cabeça, onde eu estou sentado.

Eu posso te perdoar por ficar olhando dessa maneira.

É a resposta natural de um ser humano para olhar para algo que é diferente para tentar decidir se ele vai atacá-lo, e vendo um, jovem de aparência saudável em um tanque de metal com rodas de luz, pode parecer como algum tipo de ameaça.

Mas eu não vou te machucar.

Na verdade, eu sou o único no campo de defesa o tempo todo, porque você está vindo para me atacar.

O que o torna tão ruim não são os olhares ou a falta dela, é as palavras que vêm estupidamente que vomitam fora de sua boca.

Você está vindo para comentar sobre a minha aparência de imediato, porque é provavelmente um choque para você que eu não estou deformado e eu estou em uma cadeira de rodas.

Você vai me dizer o quão bonito(a) e "normal" eu sou, eu olho, e eu vou querer dar um soco na sua cara por isso.

Você pode argumentar e dizer:

"Mas você é realmente bonito(a)”.

Bem, isso é ótimo, mas até minha bunda que fica quadrada diariamente se irrita com isso.

Essa é a coisa - você vai sair do caminho para mim.

Você vai pular na frente de uma porta abrindo já para segurá-la e você vai esperar uma resposta positiva.

Por um momento, você se sentir como um herói ajudando os pobres, deficientes, e "eu" estou tão feliz que você é capaz de ajudar, e fazer sua boa ação do dia.

Mas, acho que, agora você está no meu caminho e você está de pé na moldura da porta que a minha cadeira já tem uma dificuldade em atravessar ao natural.

Aqui está algo que você pode não ter pensado sobre - talvez eu posso fazer isso sozinho.

Eu não estou tentando te enganar, há uma abundância de coisas que eu não posso fazer sim, você pode, como caminhar, por exemplo, mas eu posso abrir uma porta.

Se você quer ser uma pessoa decente e mantenha uma porta para a pessoa entrar depois de você, isso é bom, mas se você quiser me dar um pouco de impulso extra até o morro, eu vou considerar muito mais bacana.

Você estaria me tocando se eu não estivesse nessa cadeira?

Se a resposta ainda é "sim", então você pode precisar reavaliar o seu processo de tomada de decisão.

Se há algo que eu não posso fazer, vou pedir ajuda. Isso não acontece muitas vezes, mas às vezes eu tenho que pedir.

Se acontecer de eu lhe perguntar, pedir ajuda, não hesite em dizer "não", tal como fez a essa pessoa sem-teto.

Concedido, você não pode pensar que eu estou indo para pedir dinheiro, mas ser pobre com uma porrada de contas médicas só poderia me dirigir a esse ponto algum dia.

E adivinha?

Você não vai saber isso, porque eu ainda sou um estranho.

Então, se você disser "não", o meu mundo vai continuar girando.

Eu não vou levá-lo para o pessoal, e eu vou encontrar alguém ou alguma coisa para alcançar o que eu não posso agarrar fora da prateleira de cima.

Isso nos leva a outro ponto.

Eu poderia estar no supermercado, apenas algumas polegadas longe de alcançar o que não posso, sentado, e eu vou levantar-me para agarrá-lo.

Sim, você leu certo.

Eu aguento!

Às vezes eu posso até mesmo ficar de pé!

Mas para a maior parte, se não estou na cama, eu estou em minha cadeira de rodas, não por escolha.

E mesmo se for a minha escolha, não é nada de sua conta, e não requer quaisquer comentários ou perguntas em seu nome.

Eu peço um pouco mais de compreensão aqui, eu entendo, as pessoas esperam que você seja paralisado se você estiver em uma cadeira de rodas.

Mas a enorme quantidade de todos os meus outros problemas de saúde me mantém dependente.

O que eu não entendo é quando as pessoas se ofendem quando descobrem isso.

Uma palavra que tenha sido usada, para o meu rosto, para descrever o choque é "traído."

Talvez você é diferente, e você não vai ficar chocado se você me ver fora da minha cadeira.

Mas você ainda está curioso.

E você provavelmente está se perguntando:

"O que está errado com você?"


Para esta resposta:

"O que está errado com você?"

Se alguma vez você encontrar-se na frente de uma pessoa que procura ansiosamente a coisa certa a dizer ou pedir, PARE.

Não diga nada.

Respire fundo, e lembre-se:

"Ei, esta pessoa é um ser humano com sua própria vida e da vida privada" e no meu caso, eu só tenho a diferença no meio de locomoção.

Então, pessoalmente, eu prefiro que você me pergunte o que está errado, do que apenas olhar e julgar e fazer suas próprias suposições.

Mas esteja preparado para um diálogo médico demorado que você não vai entender ou a minha quem sabe minha ideia de um papo sarcástico com piadas de uma resposta em que você não vai rir até que eu vou rir, confirmando que "SIM, que era uma piada".

Mas não, eu realmente não quero ouvir o verso da Bíblia que vai me curar, ou como sua avó em uma cadeira de rodas, ou como você apagou o seu dedo uma vez, então, obviamente, você sabe o que eu estou passando.

Mas porque eu sou educado, eu vou ouvir e sorrir, e você vai sair sentindo-se melhor sobre si mesmo.

E aqui estamos nós, depois de nossa pouca interação, e uma ou mais dessas coisas que provavelmente aconteceram.

Como eu previ, você fez mais dano a mim.

Mas aqui está outro pequeno segredo, você não apenas conhece o meu verdadeiro eu.

Eu estou preparado para interações ignorantes como estas então você não me desgasta com isso.

Eu não quero que você sinta pena de mim como um pobre, jovem, pessoa com deficiência.

Eu não quero que você olhe para mim como este super-herói inspirador.

Eu não sou nem uma dessas coisas.

Eu simplesmente aprendi a me adaptar e sobreviver - algo que todos nós nascemos com isso.

Não vou pedir desculpas por fazer você, se sentir desconfortável.

Eu não estou pedindo desculpas para os poucos minutos extra que leva para o motorista do ônibus para chegar até mim com o elevador.

Eu não estou pedindo desculpas quando eu vou (espero) sair algum dia da minha AMIGA cadeira de rodas.

Eu não estou pedindo desculpas por sua ignorância, e eu estou pedindo desculpas por minha deficiência ou quem sabe pela minha eficiência.

Minha vida não deve ser um inconveniente para você.

E se for, então eu sinto muito.


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Fonte – cadeirantes life



Comentário:


Eu estava pesquisando na internet material que fosse interessante para se publicar numa postagem do blog, quando ao verificar o meu e-mail encontrei esta reportagem; achei esta muito interessante e assim resolvi compartilhar com vocês.

Esta matéria relata situações que nós cadeirantes passamos todos os dias, quando saímos para passear, estudar, irmos ao shopping, no médico e outras situações.

As pessoas nos vêm como se fossemos animais raros e exóticos ou seres vindo de outro planeta, jamais nos vê como seres humanos que apenas tem dificuldades de locomoção.

Muitos olham com curiosidade, outros têm medo e até afastam as crianças de se aproximarem da gente; como se a deficiência fosse uma doença contagiosa e letal.

Existem aqueles que fazem perguntas e certas colocações bem absurdas em relação ao cadeirantes; outros contam histórias de parente e amigos e terminam dizendo você vai sair dessa; outos com perguntas mais intimas e como é? Você consegue ou não? E assim por diante.

Outros querem converter a gente para sua religião com citações da Biblía, mas não param por aí querem nos colocar em pé para que saiamos andando de qualquer maneira; o que não entendem é que o nosso caso é patológico e muitas vezes irreversíveis.

Outros pensam que por sermos cadeirantes somos deficientes mentais, não tem coragem de conversar com a gente, preferem questionar a pessoa que nos acompanha; dando a entender que somos incapazes de responder os questionamentos.

Infelizmente as pessoas não aceitam e nem sabem como lidar com os deficientes em geral; ainda existe um enorme preconceito e discriminação da nossa sociedade em relação aos deficientes; mesmo com os programas de mobilidade urbana, acessibilidade e inclusão social ficasse muito a desejar.

Por isso nós deficientes devemos lutar pelo nosso espaço na sociedade; somos membros desta como qualquer outra pessoa independente ou não da condição física ou mental.



Um abraço a todos.













sábado, 9 de janeiro de 2016

Lesão Medular - Prognóstico e problemas associados




Lesão Medular

 
Prognóstico

A incapacidade, na lesão medular, varia de acordo com o grau da lesão, do segmento medular e das vias nervosas e neurônios da medula envolvidos. A maioria dos pacientes apresenta melhora que se inicia a partir da primeira semana e vai até o 6º mês do trauma.

A possibilidade de melhora espontânea diminui após o 6º mês. Estratégias de reabilitação instituídas precocemente podem minimizar a incapacidade a longo prazo.

As orientações da terapia funcional são fundamentais para evitar ou minimizar deformidades articulares, osteopenia (diminuição da trama óssea) com fraturas secundárias e trombose venosa profunda.

A fisioterapia respiratória facilita a eliminação de secreções e reduz a incidência de infecções e outras complicações pulmonares.

Os cuidados com a pele evitam o desenvolvimento de úlceras por pressão.

Cuidados adequados com as vias urinárias (uma das principais causas de óbito em pacientes com lesão medular no passado) e com o intestino evitam complicações graves.

Todas estas medidas podem reduzir a morbidade e a mortalidade além de melhorar a qualidade de vida do paciente.

PROBLEMAS ASSOCIADOS

Úlceras por Pressão

Uma das complicações comuns e debilitantes encontradas em pacientes com lesão medular são as úlceras por pressão, que podem ser responsáveis por hospitalizações e longos períodos de imobilidade.

Circulação adequada de sangue no corpo é fundamental para manter viva a pele. Quando a circulação é interrompida por tempo prolongado, as células morrem e surgem úlceras.

Elas surgem, geralmente, nas áreas onde os ossos são pouco protegidos por músculos (Figura 1).

As causas mais comuns são a pressão do colchão, de um assento de cadeira ou de alguma superfície dura em contato com a pele.

Ficar muito tempo sobre uma cama ou cadeira em uma mesma posição leva a um aumento de pressão sobre a pele.

Ao mesmo tempo, o peso do corpo empurra os ossos contra os vasos sanguíneos.

Com esta pressão de fora para dentro e de dentro para fora, a circulação sanguínea pode ficar prejudicada em uma determinada região e surge a úlcera por pressão.

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Figura 1

Se as úlceras não forem bem cuidadas, elas vão ficando cada vez maiores e mais profundas, comprometendo os músculos e podendo chegar até os ossos.

Frequentemente, as úlceras infeccionam e, se a infecção chegar até os ossos, a cura é extremamente difícil. Uma das principais causas de morte em pessoas com lesão medular são as úlceras por pressão.

O aparecimento das úlceras pode ser evitado através de cuidados simples com a pele e o corpo. A pele deve ser sempre observada, principalmente as áreas que recebem maior pressão.

As úlceras geralmente se iniciam como pequenas áreas avermelhadas que podem ficar arroxeadas em pouco tempo até se transformarem em uma pequena ‘ferida’.

Aliviar a pressão sobre a pele quando na cama ou cadeira de rodas periodicamente (Figura 2), fazer uso de alimentação saudável, ingerir dois a três litros de líquidos por dia, manter a pele limpa e seca e usar roupas leves e confortáveis são medidas que auxiliam a prevenção das úlceras por pressão.

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Figura 2

Disfunção Urinária

A maioria das pessoas com lesão medular não possui controle urinário normal. O sistema urinário é responsável pela produção, armazenamento e eliminação da urina e é formado pelos rins, ureteres, bexiga e uretra (Figura 3).

A urina é produzida pelos rins. Depois que os rins produzem a urina, esta passa pelos ureteres e é armazenada na bexiga. A bexiga é como um ‘saco muscular’. Quando ela enche, os músculos da bexiga se contraem e a urina é eliminada através da uretra. No momento em que os músculos da bexiga se contraem o esfíncter da uretra, que também é um músculo, se relaxa para facilitar a saída da urina.

Normalmente ocorre um funcionamento sinérgico entre a bexiga e a uretra, ou seja, durante o enchimento, a musculatura da bexiga está relaxada para acomodar a urina proveniente dos rins, enquanto o músculo do esfíncter da uretra está contraído para evitar a saída da urina coletada na bexiga.

Ao contrário, quando a bexiga se contrai para eliminar o seu conteúdo, o esfíncter relaxa para permitir a eliminação da urina. Para isso acontecer normalmente, é preciso haver coordenação entre os músculos da bexiga e do esfíncter da uretra.

Quando este trabalho não ocorre de maneira integrada, acontece o que se chama dissinergismo vésico-esfincteriano, situação que contribui para a ocorrência de complicações. Se a bexiga e o esfíncter se contraírem ao mesmo tempo, haverá um esforço maior da musculatura da bexiga para conseguir vencer a resistência do músculo da uretra.

Este esforço leva, com o tempo, a um enfraquecimento da parede da bexiga e a formação de divertículos que acumulam urina residual, diminuindo a resistência a infecções, favorecendo a formação de cálculos e o refluxo de urina da bexiga para os rins, colocando em risco a função renal.

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Figura 3

O cérebro e a medula espinhal são responsáveis pelo trabalho coordenado entre a bexiga e o esfíncter uretral garantindo o controle urinário. Uma lesão medular pode comprometer a comunicação entre o cérebro e o sistema urinário e a eliminação da urina armazenada na bexiga deixa de ser automática.

Se a lesão for incompleta, é possível haver recuperação parcial ou até total com o tempo. Mas até que esta recuperação aconteça, a utilização de alguma técnica para esvaziar a bexiga pode ser necessária.

Dependendo do nível da lesão medular, a bexiga pode passar a ter dois tipos de comportamento:

a) Passa a acumular uma quantidade menor de urina do que antes da lesão medular e os músculos da bexiga passam a ter contrações involuntárias com perdas freqüentes de urina – bexiga espástica, comum nas lesões medulares acima do nível sacral (acima de T12).

b) Passa a acumular uma quantidade maior de urina do que antes da lesão medular porque os músculos da bexiga não se contraem mais e isto faz com que grande quantidade de urina fique retida dentro da bexiga, muito acima da capacidade normal – bexiga flácida, comum nas lesões medulares ao nível sacral (abaixo de T12).

O diagnóstico do tipo de bexiga é importante para a definição do tipo de tratamento que, de qualquer maneira, tem como principais objetivos: manter a bexiga com baixa quantidade de urina e com baixa pressão em seu interior, evitando o refluxo de urina da bexiga para os rins, prevenir infecções urinárias, promover a continência e preservar a função dos rins.

O método mais utilizado para esvaziamento da bexiga é o cateterismo intermitente. A técnica é simples e pode ser aprendida facilmente. O cateterismo intermitente é um procedimento no qual é introduzido um catéter (tubo) limpo através da uretra, para esvaziar a bexiga, a cada três ou quatro horas durante o dia, procurando manter a pressão dentro da bexiga em níveis normais e evitando as perdas urinárias.

Se, mesmo com o cateterismo realizado adequadamente, continua havendo perdas, existem medicações que interferem na contração ou no relaxamento da bexiga ou da uretra que, associadas ao cateterismo, vão permitir melhores condições de armazenamento e esvaziamento.

Disfunção Intestinal

A lesão medular determina, também, alterações do controle intestinal. Nas lesões de nível mais alto, o distúrbio está principalmente relacionado com inatividade da parede intestinal (tendência a constipação crônica) e nas lesões mais baixas com incontinência (tendência a eliminação acidental de fezes).

Embora na maioria das lesões medulares não seja possível a recuperação do controle intestinal, um programa de reeducação pode fazer com que o intestino funcione sempre em um mesmo horário, tornando mais fáceis as atividades fora de casa.

As regras básicas para a reeducação intestinal são: dieta rica em fibras vegetais, ingestão adequada de líquidos (2 a 2,5 litros por dia), realizar exercícios diariamente, ter um horário programado para estimular o funcionamento do intestino, fazer massagem abdominal no sentido horário no momento do esvaziamento, e, quando necessário, usar laxante, o mais natural possível.

Se as orientações apresentadas não forem efetivas, a utilização de recursos tais como estimulação digital com luvas, supositórios e enemas serão necessários. Todos estes procedimentos devem ser orientados pelo médico.

Disreflexia Autonômica

Disreflexia autonômica é uma complicação frequente nas lesões cervicais e pode ocorrer também nas lesões medulares acima de T6. Qualquer estímulo que, normalmente, causaria dor e desconforto na pessoa sem lesão, na pessoa que não sente por causa de uma lesão medular pode causar uma crise de disreflexia. As causas mais comuns são bexiga ou intestinos cheios e distendidos.

Os sintomas mais freqüentes de disreflexia autonômica são: dor de cabeça, enxergar pontos brilhantes, visão borrada, arrepios acima do nível da lesão, sudorese acima do nível da lesão, manchas vermelhas na pele acima do nível da lesão, obstrução nasal e freqüência cardíaca baixa. Pressão arterial elevada e descontrolada é a conseqüência mais perigosa. A disreflexia á uma emergência médica e requer atendimento médico.

Trombose

Quando o corpo não é movimentado regularmente, existe a possibilidade de ocorrer o aparecimento de um coágulo de sangue chamado trombo.

O trombo formado na perna pode se desprender e viajar para outras partes do corpo. Se isto ocorrer, ele passa a ser chamado de êmbolo e um dos lugares mais comuns para um êmbolo se hospedar é o pulmão (embolia pulmonar).

Os sinais mais frequentes de trombose são: panturrilha ou coxa de uma das pernas mais quente e mais edemaciada (inchada) do que a outra.

Na presença destas alterações, avaliação médica e tratamento adequado se fazem necessários.

Embolia Pulmonar

Os principais sintomas de embolia pulmonar são: diminuição repentina da respiração, dor no peito ou nas costas e tosse de aparecimento súbito. Havendo suspeita de embolia pulmonar, deve-se procurar o pronto socorro imediatamente.

Siringomielia

Alguns pacientes com lesão medular, meses a vários anos após a lesão passam a apresentar dor, ascensão do nível sensitivo ou motor (como por exemplo um paciente paraplégico que passa a apresentar dormência, atrofia e fraqueza em uma das mãos), acentuação da espasticidade (tônus muscular aumentado), mudança do padrão urinário (de urgência, passa a apresentar retenção), alteração da sudorese, ou, até mesmo, queixas como disfagia (dificuldade de deglutição).

Em muitos deles, os exames de imagem mostram a formação de cavidades intramedulares, que se estendem por vários níveis, acima e abaixo da lesão traumática, e que recebem o nome de siringomielia pós-traumática.

Considerada rara no passado, a partir do advento da ressonância magnética, a prevalência de siringomielia em pacientes com lesão medular tem sido estimada em torno de 8 por cento. O tratamento pode demandar procedimento cirúrgico.

Distúrbios do Humor

Distúrbios do humor, particularmente depressão, são frequentes em pacientes com lesão medular.

A integração precoce em programas de reabilitação e socialização incluindo atividades esportivas diminui a prevalência de depressão e ansiedade.





Fonte: Rede Sarah Kubitschek