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Nos dias difíceis da sua existência, procure não se entregar ao pessimismo nem ao lodo do derrotismo, evitando alimentar todo e qualquer sentimento de culpa, que lhe inspirariam o abandono dos seus compromissos, o que seria seu gesto mais infeliz.

Ponha-se de pé, perante quaisquer obstáculos, e seja fiel aos seus labores, aos deveres de aprender, servir e crescer, que o trouxeram novamente ao mundo terrestre.

Se lograr a superação suspirada, nesses dias sombrios para você, terá vencido mais um embate no rol dos muitos combates que compõem a pauta da guerra em que a Terra se encontra engolfada.

Confia na ação e no poder da luz, que o Cristo representa, e siga com entusiasmo para a conquista de si mesmo, guardando-se em equilíbrio, seja qual for ou como for cada um dos seus dias.

sábado, 24 de outubro de 2015

O que é inclusão social???



O que é inclusão?


Incluir do Lat. includere, verbo transitivo direto, compreender, abranger; conter em si, envolver, implicar; inserir, intercalar, introduzir, fazer parte, figurar entre outros; pertencer juntamente com outros. No bom e velho Aurélio, o verbo incluir apresenta vários significados, todos eles com o sentido de algo ou alguém inserido entre outras coisas ou pessoas. Em nenhum momento, essa definição pressupõe que o ser incluído precisa ser igual ou semelhante aos demais aos quais se agregou.

Quando falamos de uma sociedade inclusiva, pensamos naquela que valoriza a diversidade humana e fortalece a aceitação das diferenças individuais. É dentro dela que aprendemos a conviver, contribuir e construir juntos um mundo de oportunidades reais (não obrigatoriamente iguais) para todos. Isso implica numa sociedade onde cada um é responsável pela qualidade de vida do outro, mesmo quando esse outro seja muito diferente de nós.

Inclusão ou integração?

Semanticamente, incluir e integrar têm significados muito parecidos, o que faz com que muitas pessoas utilizem esses verbos indistintamente. No entanto, nos movimentos sociais inclusão e integração representam filosofias totalmente diferentes, ainda que tenham objetivos aparentemente iguais, ou seja, a inserção de pessoas com deficiência na sociedade. Os mal-entendidos sobre o tema começam justamente aí. As pessoas usam o termo inclusão quando, na verdade, estão pensando em integração.

Quais são as principais diferenças entre inclusão e integração?

O conteúdo das definições do quadro abaixo é de autoria de Claudia Werneck, extraído do primeiro volume do Manual do Mídia Legal:
Aviso somente acessível a leitores de tela. Para navegar em tabelas com o Jaws ou com o NVDA a partir do 2012 2, use as teclas CONTROL mais Alt mais seta para a direita ou esquerda, para cima ou para baixo, para se ler o cabeçalho de coluna a que pertence a célula lida.
No caso da tabela abaixo, existem somente duas colunas no cabeçalho: Inclusão na coluna 1 e Integração na coluna 2.
Assim, sempre que passar de uma coluna para outra, com as teclas precionadas você poderá saber a qual coluna pertence aquela célula. O Jaws é mais claro nessa acessibilidade.

Inclusão / integração.
Inclusão
Integração
a inserção é total e incondicional (crianças com deficiência não precisam "se preparar" para ir à escola regular).
a inserção é parcial e condicional (crianças "se preparam" em escolas ou classes especiais para estar em escolas ou classes regulares).
exige rupturas nos sistemas
pede concessões aos sistemas.
mudanças que beneficiam toda e qualquer pessoa (não se sabe quem "ganha" mais; TODAS ganham).
mudanças visando prioritariamente a pessoas com deficiência (consolida a ideia de que elas "ganham" mais)
exige transformações profundas
contenta-se com transformações superficiais
sociedade se adapta para atender às necessidades das pessoas com deficiência e, com isso, se torna mais atenta às necessidades de TODOS
pessoas com deficiência se adaptam às necessidades dos modelos que já existem na sociedade, que faz apenas ajustes
defende o direito de TODAS as pessoas, com e sem deficiência
defende o direito de pessoas com deficiência
traz para dentro dos sistemas os grupos de "excluídos" e, paralelamente, transforma esses sistemas para que se tornem de qualidade para TODOS
insere nos sistemas os grupos de "excluídos que provarem estar aptos" (sob este aspecto, as cotas podem ser questionadas como promotoras da inclusão)
o adjetivo inclusivo é usado quando se busca qualidade para TODAS as pessoas com e sem deficiência
(escola inclusiva, trabalho inclusivo, lazer inclusivo, etc.).
o adjetivo integrador é usado quando se busca qualidade nas estruturas que atendem apenas as pessoas com deficiência consideradas aptas
(escola integradora, empresa integradora, etc.).
valoriza a individualidade de pessoas com deficiência (pessoas com deficiência podem ou não ser bons funcionários; podem ou não ser carinhosos, etc.)
como reflexo de um pensamento integrador, podemos citar a tendência a tratar pessoas com deficiência como um bloco homogêneo (exemplos: surdos se concentram melhor; cegos são excelentes massagistas)
não quer disfarçar as limitações, porque elas são reais
tende a disfarçar as limitações para aumentar a possibilidade de inserção
não se caracteriza apenas pela presença de pessoas com e sem deficiência em um mesmo ambiente
a presença de pessoas com e sem deficiência no mesmo ambiente tende a ser suficiente para o uso do adjetivo integrador

A Escola e a Inclusão.

Os objetivos tradicionais na educação de pessoas com necessidades educativas específicas ainda se orientam por conseguir alcançar comportamentos sociais controlados, quando deveriam ter como objetivo que essas pessoas adquirissem cultura suficiente para que pudessem conduzir sua própria vida. Ainda vivemos em um modelo assistencial e dependente, quando a meta da inclusão é o modelo competencial e autônomo.

O pensamento pedagógico dos profissionais é que as crianças com necessidades educativas específicas são os únicos responsáveis (culpados) por seus problemas de aprendizagem (às vezes, esse sentimento se estende aos pais), mas raras vezes questionam o sistema escolar e a sociedade...

O fracasso na aprendizagem deve-se às próprias crianças com deficiência e não ao sistema, pensa-se que são eles e não a escola quem tem que mudar.

É um modelo baseado no déficit, que destaca mais o que a criança não sabe fazer do que aquilo que ela pode realmente fazer. Assim, esse modelo se centra na necessidade do especialista, e se busca um modo terapêutico de intervir, como se a resolução dos problemas da diversidade estivesse sujeita à formação de especialistas que se fazem profissionais da deficiência.

Essa escola seletiva valoriza mais a capacidade dos que os processos; os agrupamentos homogêneos do que os heterogêneos; a competitividade do que a cooperação; o individualismo do que a aprendizagem solidária; os modelos fechados, rígidos e inflexíveis do que os projetos educativos abertos, compreensivos e transformadores; apoia-se em desenvolver habilidades e destrezas e não conteúdos culturais e vivenciais como instrumentos para adquirir e desenvolver estratégias que lhes permitam resolver os problemas da vida cotidiana.

Essa postura é um problema ideológico, porque o que se esconde atrás dessa atitude é a não-aceitação da diversidade como valor humano e a perpetuação das diferenças entre os alunos, ressaltando que essas diferenças são insuperáveis. A escola inclusiva é aquela onde o modelo educativo subverte essa lógica e pretende, em primeiro lugar, estabelecer ligações cognitivas entre os alunos e o currículo, para que adquiram e desenvolvam estratégias que lhes permitam resolver problemas da vida cotidiana e que lhes preparem para aproveitar as oportunidades que a vida lhes ofereça. Às vezes, essas oportunidades lhes serão dadas, mas, na maioria das vezes, terão que ser construídas e, nessa construção, as pessoas com deficiência têm que participar ativamente.

Essa incompreensão da cultura da diversidade implica em que os profissionais pensem que os processos de integração estavam destinados a melhorar a educação especial e não a educação em geral. Encontramo-nos em um momento de crise, porque os velhos parâmetros estão agonizando e os novos ainda não terminaram de emergir.

Penso que a cultura da diversidade está colocando contra a parede o fim de uma época (o ocaso da modernidade?) educativa.

A cultura da diversidade vai nos permitir construir uma escola de qualidade, uma didática de qualidade e profissionais de qualidade. Todos teremos de aprender a ensinar a aprender. A cultura da diversidade é um processo de aprendizagem permanente, onde TODOS devemos aprender a compartilhar novos significados e novos comportamentos de relações entre as pessoas. Ela é uma nova maneira de educar que parte do respeito à diversidade como valor.

O Primeiro Passo para Incluir.

Toda criança tem direito à escola. Entretanto, na hora de matricular um filho com deficiência em uma escola regular, o que muitos pais escutam é: Desculpe, mas não estamos preparados para receber o seu filho. Mas o que, exatamente, significa esse preparo?

A frase acima está baseada em uma conceituação ultrapassada: a da reabilitação ou integração, segundo a qual caberia à pessoa com deficiência preparar-se para ingressar na sociedade. Esse conceito, surgido após a Segunda Guerra Mundial e que perdura até os dias de hoje, deu origem às escolas e classes especiais. Mas foi posto em discussão no início dos anos 90. Nosso paradigma é outro: é a inclusão, ou seja, é a sociedade que deve se preparar para receber qualquer pessoa.

Questão de Atitude.

Cabe à escola compreender que todos os alunos têm ritmos de aprendizado diferentes. E o professor precisa criar estratégias pedagógicas para que cada um consiga aprender o que ele quer ensinar. A escola tem que ser de qualidade para todos os alunos, sem distinção. No fundo, o primeiro passo para a inclusão é uma questão de atitude: quero ou não quero receber alunos com deficiência? Mais que isso, reconheço nessa pessoa com deficiência um ser humano ou a encaro como um subnormal?

Essa mudança de atitude não acontece de uma hora para outra. É um processo e, como tal, cheio de dificuldades. Mas essas podem ser superadas em conjunto pelo corpo diretivo da escola, professores e pais. Inclusive quanto à avaliação sobre se é necessário algum preparo específico dos educadores e qual seria, em cada caso, essa especialização.

A inclusão de alunos com deficiência em salas regulares não minimiza os cuidados que a criança deve ter de acordo com a sua deficiência. Mas a função principal da escola não é terapêutica, é educacional. Outro aspecto importante é perceber que crianças com a mesma deficiência não são iguais entre si. E o professor, portanto, não pode querer seguir receitas prontas.

O Papel dos Pais.

Por fim, a inclusão implica em quebrar, muitas vezes, a resistência apresentada pelas próprias famílias: a criança tem que estar incluída também em casa. Se os pais acham que seu filho é um coitadinho, especial ou um anjo, ele sempre será excluído na sociedade.

Quem ganha com isso?

A proposta da Educação Inclusiva beneficia todos os envolvidos:
  • As pessoas com deficiência têm a acesso à Educação formal e à perspectiva de uma vida autônoma.
  • Os demais alunos aprendem que a sociedade é repleta de diversidade e conseguem, assim, adquirir valores de vida melhores.
  • O educador, pois a presença de uma criança com deficiência na sala de aula faz com que o professor perceba que tem trinta alunos que são diferentes entre si, e não um que é diferente dos outros. Com isso, exercita sua capacidade pedagógica e se torna um professor melhor.

Mas, quem é que pode aprender?

Bem antes de Melero, um educador, psicólogo e ativista americano negro chamado Kenneth Bancroft Clark já declarava que "crianças que são tratadas como ineducáveis, quase que invariavelmente, tornam-se ineducáveis".

Na época, ele se referia aos negros americanos marginalizados, colocados em classe especiais (sim, porque afinal, eles eram outra raça, com necessidades específicas, padrões de aprendizagem próprios...) e, a priori, definidos como pessoas que não eram educáveis... Não tinham a mesma capacidade dos brancos, eram mais intuitivos que racionais e, pior, estavam num estágio inferior de civilização.

Ah, também os negros eram considerados pessoas que só podiam aprender trabalhos manuais e tarefas repetitivas. E diziam que eles não tinham capacidade de abstração... Claro que, como não eram educados, continuavam sem educação. Sem educação, não tinham trabalho. Sem trabalho não tinham sequer perspectiva de vida... E continuavam marginalizados.
Clark foi o primeiro professor negro do City College em Nova York; depois, acabou sendo convidado também para dar aulas em Columbia, Harvard e Berkeley. Nos seus estudos, Clark concluiu que a segregação provocava danos psicológicos às pessoas e seus estudos levaram à decisão da Suprema Corte Americana que baniu a educação segregada.

Quando eu falo a respeito dos negros, as pessoas certamente concordam comigo que essa situação não era provocada pela cor da pele, mas pela sociedade que os cercava. Poderia falar das mulheres (que foram segregadas antes, e ainda o são em alguns países) e também todos concordariam que o problema é da sociedade e da cultura.

Por que, quando falamos que "o ser deficiente" tem um componente social e cultural que provoca essa situação em relação à educação (ou seja, a tal da especialização), ficamos tão resistentes a essa afirmação? Ah, porque a pessoa com deficiência tem um componente biológico específico... Ué (ou uai, como diriam os mineiros), mas as mulheres também têm componentes biológicos diferentes dos homens? Vamos separar de novo a educação em classes por gênero?? Ah, porque a pessoa com deficiência tem um laudo médico... (já ouvi tanto isso de professores). Se o problema for de laudo médico, também podemos fornecer a respeito dos negros (tem melanina em excesso em relação aos índices dos brancos).

O nosso modelo pseudo-educativo, que defende essa escola especial é meramente assistencial e caritativo. É um modelo que define a deficiência das pessoas como única causa dos seus problemas de aprendizagem, tudo isso apoiado médica e psicologicamente. Esse mesmo modelo nunca busca uma possível causa na sociedade e na cultura. O modelo de intervenção (sim, porque é uma intervenção e não uma estratégia pedagógica) é individualizado e o currículo definido pelo déficit, ressaltando as incapacidades e não nas possibilidades dos alunos.

E é por isso que eu também defendo que esse é um problema ideológico, mais do que um problema pedagógico, pois está focado na homogeneidade e não na diversidade. Na defesa de uma estrutura sócio-cultural que não pode ser mudada (status quo). Mudança implicaria em desestruturar os modelos de ensino e avaliação de séculos (até porque, a escola foi uma das coisas que menos evoluiu estruturalmente na nossa história).

Ideológico porque combate o modelo assistencialista (que é, fundamentalmente, um modelo baseado na crença de que fazer bem ao próximo significa tratá-lo como um coitadinho que merece nossa pena). Ou confiamos que as nossas crianças (e qualquer criança) sejam capazes de aprender ou vamos educá-los para serem adultos inúteis, marginalizados e dependentes (dos pais, do paizão governo ou de entidades que os acolham).

Todos vão aprender matemática?

Duvido. Eu, até hoje, não consegui entender um monte de coisas que me ensinaram (não sei para que serve saber o que é um dígrafo ou uma oração coordenada assindética)... E duvido que qualquer pessoa seja capaz de se declarar conhecedor de todas as ciências, artes e ofícios... Matemática suficiente para a autonomia para todos (seja com calculadora, computador ou sorobã). Algoritmos para alguns. Português, ciências, literatura, história... Para todos...

E que cada um vá adiante naquilo que gostar mais, mas que a nenhum seja sonegada a oportunidade de conhecer tudo e de todas as formas.